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Antigamente, os pais precisavam se preocupar apenas com o tempo que as crianças passavam em frente à TV ou jogando videogames, o que já não era uma tarefa fácil. Agora, com o avanço da tecnologia, também é necessário controlar o uso de diversos dispositivos eletrônicos e da internet. Mas qual será o limite do uso consciente da tecnologia para as crianças? O excesso de telas é realmente prejudicial?
Perigos do uso excessivo da tecnologia para as crianças
Como sabemos, nada em excesso é bom para a nossa saúde física e mental. Porém, no caso das crianças, o excesso de qualquer coisa tem um impacto muito maior: afeta o seu desenvolvimento.
Pesquisadores afirmam que bebês de até 2,5 anos de idade não são capazes de associar o que estão assistindo com a realidade. Porém, essa associação é muito importante para o desenvolvimento da criança, pois é assim que ela aprende.
Isso acontece porque o cérebro dos bebês precisa receber diversos estímulos externos para que as conexões entre os neurônios aumentem. Dessa forma, a mente amadurece, a linguagem é aperfeiçoada e a personalidade se desenvolve.
Entretanto, o tempo que a criança passa sozinha usando a tecnologia não ajuda no seu crescimento cognitivo. Na verdade, isso pode atrapalhar o desenvolvimento de qualidades importantes, como empatia e autocontrole.
O uso exagerado da tecnologia também aumenta os riscos do sedentarismo. Além de aumentar os riscos de obesidade, quando as crianças deixam de brincar para ficar em frente às telas, isso impede que o seu corpo e mente lide com os desafios de brincar, o que as ajuda a aumentar suas habilidades de segurar objetos, se movimentar, ter noção de espaço e até fortalecer sua inteligência matemática.
Assim como acontece com os adultos, o excesso de tecnologia também afeta o sono das crianças. A luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos reduz a produção do hormônio responsável por induzir o sono, a melatonina. Não dormir bem, ou dormir pouco, impede que as crianças concretizem memórias ou aprendam na escola.
Porém, vale a pena lembrar que a tecnologia não é a vilã. Na verdade, é a falta de equilíbrio que é o problema.
O segredo do uso consciente da tecnologia para as crianças é o equilíbrio
Quando a tecnologia é usada de forma consciente e equilibrada pelas crianças, ela pode trazer vários benefícios. Por exemplo, ela pode ajudar na aprendizagem, no lazer e na formação e desenvolvimento da infância.
Por isso, a AAP (Academia Americana de Pediatria) e a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) lançaram algumas recomendações.
A AAP recomenda que o primeiro contato com a tecnologia ocorra após os 18 meses de idade, sempre com a supervisão e a participação ativa dos pais ou responsáveis. Já para crianças entre 2 e 5 anos de idade, a AAP indica o uso da tecnologia durante 1 hora por dia. Depois disso, os pais podem personalizar a frequência.
Por outro lado, a SBP, no “Manual de saúde de crianças e adolescentes na era digital”, é um pouco mais rígida. Para a entidade, o contato com a tecnologia não deve acontecer antes dos 2 anos de idade.
De qualquer forma, uma coisa é certa: o uso consciente da tecnologia para as crianças precisa ser controlado pelos adultos. Porém, isso precisa ser feito com equilíbrio.
Não é necessário proibir totalmente as crianças de usarem a tecnologia, mas também não é bom deixá-las à vontade para usarem dispositivos eletrônicos quando quiserem.
Então, o que os pais podem fazer para que as crianças usem a tecnologia da melhor forma?
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Dicas para o uso consciente da tecnologia para as crianças
Sem dúvida, com a rotina agitada dos dias de hoje, a tecnologia é uma grande aliada quando usada da forma certa. Então, veja algumas dicas que podem colaborar para o uso consciente da tecnologia para as crianças.
1. Estabeleça períodos offline
Além de estabelecer um limite de tempo para o uso de dispositivos móveis para as crianças, também é importante determinar períodos em que toda a família ficará longe da tecnologia.
Por exemplo, os pais podem criar algumas regras, como não dormir com celular no quarto, não usar dispositivos eletrônicos durante as refeições ou durante as aulas.
Isso vai ajudar a família inteira a usar a tecnologia com mais equilíbrio e vai permitir que eles passem mais tempo de qualidade juntos.
2. Não compre um dispositivo eletrônico para a criança cedo demais
Para a AAP e para a Sociedade Canadense de Pediatria, o melhor é dar um dispositivo eletrônico para a criança só depois dos 13 anos de idade.
Antes disso, recomenda-se que ela use o aparelho de algum adulto. Dessa forma, ela vai entender que são os pais que controlam o uso da tecnologia.
Porém, isso não é uma regra. O mais importante é analisar cada situação para ver quando a criança realmente precisa ter um acesso maior à tecnologia.
3. Ensine sobre segurança na internet
O tempo gasto na internet não é a única coisa que pode prejudicar as crianças. Mesmo estando em casa, elas podem correr perigo se não souberem usar a tecnologia de forma segura.
Por isso, os pais ou responsáveis devem ensinar a criança pelo menos o básico sobre segurança na internet. Alerte para que eles não conversem com desconhecidos, forneçam informações pessoais ou enviem fotos pela internet.
Além disso, conte com a ajuda de ferramentas de bloqueio de conteúdos impróprios e monitoramento para proteger as crianças e saber o que elas estão vendo na internet.
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4. Dê o exemplo
Não dá para esperar que as crianças usem a tecnologia de forma equilibrada se os pais ou responsáveis não derem o exemplo. Afinal de contas, as crianças são mais influenciadas por aquilo que veem do que por aquilo que ouvem.
Então, antes de mais nada, os adultos devem analisar o seu próprio relacionamento com a tecnologia para depois ensinar as crianças sobre isso.
Sem dúvida, a tecnologia é de grande ajuda para o nosso dia a dia. Mas, quando o assunto são as crianças, o cuidado deve ser dobrado. Apesar da tecnologia em si não ser a grande vilã, o tempo e a forma como ela é usada pode ser um grande problema.